O que esperar antes, durante e após o transplante de fígado?
Postado em: 10/04/2023
O fígado é um dos órgãos mais importantes para a digestão porque ele tem a função de metabolizar e armazenar nutrientes, que só ficam prontos para serem absorvidos e utilizados pelo organismo após passarem por ele.
É considerado um órgão, mas ao mesmo tempo é uma glândula. Possui cerca de 20 cm de largura e pesa, geralmente, mais de 1 kg. O fígado se localiza na parte superior direita do abdômen próximo ao estômago. Algumas doenças podem causar insuficiência hepática, levando ao falecimento do órgão e, consequentemente, à necessidade de um transplante.
O transplante de fígado é uma cirurgia complexa que pode ser necessária em casos de doenças hepáticas avançadas ou falência do órgão. Leia o artigo para saber tudo sobre este procedimento cirúrgico!
O que leva a um transplante hepático?
O transplante de fígado pode ser indicado quando o órgão se encontra gravemente comprometido e deixa de funcionar, como pode ocorrer em caso de cirrose, hepatite fulminante ou câncer neste órgão, em pessoas de qualquer idade, inclusive crianças.
A cirrose hepática – dano irreversível das células hepáticas – é a condição mais frequente que leva ao transplante de fígado. Ela ocorre quando a anatomia normal do fígado é substituída por tecido de cicatrização, o que deteriora sua função.
As doenças que comumente levam ao transplante de fígado são:
- Cirrose por hepatite crônica por vírus B ou C.
- Doenças que comprometem as vias biliares, incluindo a atresia de vias biliares na infância.
- Doença hepática alcoólica.
- Hepatite autoimune.
- Doença hepática gordurosa não alcoólica.
- Doenças metabólicas na infância.
- Tumores hepáticos primários.
- Hepatites fulminantes (drogas e vírus).
Somente um cirurgião do aparelho digestivo pode recomendar o melhor tratamento para doenças hepáticas, após uma avaliação minuciosa e individualizada.
Tipos de transplante
Existem dois tipos de transplante de fígado: através do doador cadáver ou do doador vivo. No doador cadáver são utilizadas técnicas que preservam a veia cava do corpo falecido. Já o doador vivo consiste em retirar uma ou mais partes do doador saudável para transplante no receptor com doença hepática terminal.
No transplante de fígado com doador cadáver é considerado como doador ideal uma pessoa jovem, sadia, que foi atendida imediatamente após o evento que a vitimou e que não tenha deterioração de órgãos vitais.
Já no transplante intervivos, o doador deve ser um adulto sadio, sem nenhuma alteração anatômica, do qual é retirada parte do fígado. Segundo o médico, os riscos para o doador são relativamente pequenos.
Ambos os tipos de transplante são cirurgias delicadas. Uma diferença é que o tempo de duração no doador cadáver é de, em média, 8 horas ou mais; enquanto que nos intervivos, como envolvem duas cirurgias (doador e receptor), pode levar 12 horas ou mais. Esta cirurgia é bem mais complexa por envolver técnicas de microcirurgia, em que os vasos sanguíneos e os ductos biliares são muito finos.
Como é feito o transplante de fígado?
O transplante de fígado leva em média 8 horas. O fígado doente é retirado por uma incisão no abdômen superior. Posteriormente, o fígado do doador é colocado na cavidade abdominal e os vasos sanguíneos (veias supra-hepáticas, veia porta e artéria hepática) são suturados nas respectivas estruturas do receptor.
A última etapa do transplante é a reconstrução de via biliar, que pode ser feita com o ducto biliar do receptor ou com um segmento de intestino, como nos casos de transplante para atresia de vias biliares na criança.
Após a cirurgia, os pacientes passam um a dois dias em uma unidade de terapia intensiva se não houver qualquer complicação clínica ou cirúrgica pós-operatória. O tempo de internação hospitalar médio pós-transplante varia de uma a duas semanas.
Após a alta hospitalar, o paciente deve seguir rigorosamente todas as orientações médicas, incluindo visitas regulares ao médico, exames de acompanhamento e medicamentos prescritos. O processo de recuperação pode ser longo e desafiador, entretanto, a maioria dos pacientes é capaz de retomar suas atividades normais após alguns meses.
Imunossupressão
A chave para entender o tratamento pós-transplante é o conceito de que o órgão transplantado é um corpo estranho. O sistema imune do receptor vai atacar o fígado transplantado num processo chamado “rejeição”. Por esta razão, todos os pacientes transplantados utilizam medicações que combatam a rejeição, as chamadas drogas imunossupressoras.
A despeito do uso dos imunossupressores, cerca de 50% dos pacientes transplantados apresentarão elevação das enzimas hepáticas no fim da primeira semana pós-transplante. Na maioria das vezes, isso corresponderá a um caso de rejeição celular aguda, que normalmente é tratada com corticosteroides.
Episódios de rejeição aguda, quando tratados adequadamente, não determinam diminuição da vida do enxerto de fígado. Muitos pacientes transplantados desde o início dos anos 80 estão vivos e com função hepática perfeita.
O Dr. Fabricio Coelho, cirurgião do Aparelho Digestivo com experiência em Videolaparoscopia e Cirurgia Robótica, está disponível para esclarecer todas as dúvidas e orientar você sobre transplante de fígado. Entre em contato e agende sua consulta.
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INFORMAÇÕES DO AUTOR:
Dr. Fabricio Coelho Especialista em Cirurgia do Aparelho DigestivoGraduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), possui Residência em Cirurgia Geral e em Cirurgia do Aparelho Digestivo pela mesma instituição, sendo especialista em Cirurgia Hepato-Pancreato-Biliar (HPB), Cirurgia Oncológica do Aparelho Digestivo, Cirurgia Videolaparoscópica e Cirurgia Robótica.
CRM-SP 104.317